Muito se fala sobre o abandono do Arco Metropolitano, notadamente do trecho que liga a cidade de Itaguaí à BR-040 (Washington Luis), o chamado trecho novo, cujas obras sofreram grande atraso, mas que, após 6 anos, teve seu percurso de 71 km finalmente inaugurado em 2014. Transitei por lá no final do ano passado, para passar o réveillon na cidade de Seropédica. Fiz algumas imagens do estado deplorável no qual se encontra aquela rodovia.
O caminho que percorri foi de cerca de 21 km, entre Itaguaí e Seropédica, onde contei, com a ajuda de meus filhos, pelo menos 37 postes caídos. Absurdo, não? Os postes, dispostos a cada 16,7 metros um do outro (na Av. Brasil há um poste a cada 50 metros), possuem painéis para captação de energia solar e atraem muito a atenção dos bandidos, que aproveitam a precariedade em termos de policiamento e o fraco trânsito, principalmente à noite, para derrubá-los e furtar os equipamentos fotovoltaicos que possuem. Eles são fixados em base concretada com parafusos, o que facilita muito a operação criminosa.
Aterrador foi constatar que não apenas meliantes comuns praticam esse tipo de delito, mas também meliantes travestidos de agentes públicos, como a Imprensa noticiou há poucos dias, enfocando o caso do flagrante de um policial rodoviário federal que rebocava na carroceria de seu veículo os painéis. Isso ocorreu na altura da cidade de Duque de Caxias, na Baixada Fluminense. A propósito, averiguou-se que o larápio concursado já respondia a outro processo na corregedoria da PRF. Veja aqui a matéria publicada pelo Jornal Extra.
Ao longo do arco abandonado, não somente os postes caídos nos alertam e entristecem. Muitas placas de sinalização foram depredadas e outras se encontram escondidas pela vegetação, dificultando ainda mais a vida de quem transita por lá. Buracos na pista já podem ser vistos – e sentidos – em diversos trechos, sem falar do perigo de se bater de frente, literalmente, com animais de grande porte. A rodovia corta fazendas de criação de gado e, não raro, ouço comentários de amigos sobre a presença de bovinos atravessando perigosamente a pista. Registre-se também que nesses últimos anos não foi construído sequer um posto de combustível ou de apoio no trecho novo. Salve-se quem puder…
Ainda sobre os postes, ao longo de todo o percurso de 71 km há 4.310 deles. Para instalá-los, o governo estadual, através da sua secretaria de Obras, desembolsou R$ 96,8 milhões (Pregão Eletrônico nº 002/2014/SEOBRAS), ou seja, mais de R$ 22.000,00 a unidade. Curioso é que o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) diz que as rodovias federais – como é o caso do Arco Metropolitano – não precisam de iluminação pois as sinalizações das mesmas usam uma técnica específica para serem vistas apenas com a luz dos faróis.
Outra curiosidade interessante: a empresa contratada para fornecer os postes foi o consórcio Kyocera-Soter, cujo sócio é o sr. Sérgio Benincá, um dos donos do helicóptero usado, segundo os noticiários, pelo ex-secretário estadual de Obras, Hudson Braga, encarcerado no presídio 5 estrelas pela Operação Calicute, juntamente com o chefão Sérgio Cabral. Mais um esquema daquela conhecida quadrilha que devastou o Estado do Rio de Janeiro, mais uma mostra inequívoca de malversação dos recursos públicos.
São sempre os mesmos personagens. Curioso…
Seria cômico se não fosse trágico, amiga Maria Cristina.
Policial foi flagrado com placas de energia solar
Divulgação
Um policial rodoviário federal foi preso, na madrugada desta sexta-feira (5), por suspeita furto no Arco Metropolitano. Segundo a PRF (Polícia Rodoviária Federal), ele foi flagrado transportando placas solares que foram furtadas.
Segundo a Polícia Militar, agente do BPRv (Batalhão de Polícia Rodoviária) faziam patrulhamento na via e se depararam com um veículo puxando um reboque com cinco placas para capturar energia solar.
Durante a abordagem, os militares identificaram que o condutor era um agente da PRF e estaria com um reator dentro do carro.
Em nota, a corporação diz que a corregedoria tomará “tomará todas as providências, caso seja confirmado o crime, o policial deverá ser excluído da instituição, de acordo com os preceitos legais”.
A PRF disse ainda que o agente já estava afastado da atividade operacional e que responde a processos administrativos.
O caso foi registrado na delegacia de Mesquita (53ª DP), na Baixada Fluminense.
Vergonhoso para qualquer Instituição, prezado Daniel. Espero que punam esse indivíduo com rigor, além de expulsá-lo da PRF, obviamente.
Excelente artigo Mauro!!! Arco metropolitano, maracanã, faixas de brt, perimetral e obras olimpicas: será que alguma destas foi construída sem proprina, sem negociatas ou troca de favores?!
Difícil acreditar que não, caro Edinaldo, nessas alturas do campeonato…
Ótima matéria, Mauro. Mais um exemplo do descaso com o dinheiro público. Lamentável…
Cara Solange, precisamos dar um basta nisso, enquanto sociedade, o quanto antes. O país não suporta mais essa “carga parasitária”.
boa tarde mauro. vc acha perigoso passar no arco metropolitano durante o dia,será que o exercito esta na rodovia?
Caro Jeferson, sim, acho perigoso. À noite, então, nem se fala! Ainda não ouvi e nem li nada sobre a presença do Exército naquela rodovia. Seria muito bem vinda, em minha opinião, para conter a depredação absurda e criminosa que lá ocorre.